segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Referenda-mos!

Mais um evento solene da democracia portuguesa passou por nós!
Hurray!!!
Não que eu esteja particularmente extasiado com o 'sim' ou religiosamente mais protegido com o 'não'. A bem dizer, não fora a vontade de tirar isto da escuridão, nem tinha ido votar.
Mas, acerca das análises das tendências de voto, já muito se escreveu, patatípatatá, percentagens isto, mudanças aquilo... estou cansado, quem quiser que veja nos jornais, nos blogs da especialidade, no cardápio usual da noticiazinha importante e brusca servida diariamente em doses catadúpicas (olha que bela palavra que devo ter inventado!), em doses catadúpicas, dizia eu, de telejornais e outros sem tele.
Caguei.
Só queria mesmo era dizer que pelos vistos Portugal dava-se melhor com uma lógica binária.
As pessoas parece que até se dão melhor e mais se envolvem na cidadania quando esta se restringe ao 0 e ao 1.
Em duas semanas, tudo esteve bem no reino e todos os telejornais tinham um período de assumido direito à (in)diferença, como um direito legítimo de antena.
Porra, até os gajos do PNR puderam vir a público dizer que não devíamos matar bebés!, e eles sabem-lo bem, porque até aqui há cerca de 30 anos passavam a vida a avisar-nos que era precisamente esse o pequeno-almoço equilibrado do comunismo - c'o a breca, se isto não é democracia, o que será então essa rapariga?

Neste momento ando a toque de pastilhas para deixar de fumar. Sinto-me ansioso e irritadiço, mas a pastilha faz com que tudo passe.
O mais difícil mesmo é deixar o hábito de pegar num cigarro.
É como esta estória do referendo... o mais difícil mesmo é deixar o hábito de pensar.
Como não há pastilhas que suavizem este desmame, o melhor mesmo é mergulhar no bem e no mal, no sim e no não, no 0 e no 1, porque enquanto evitar essas zonas incómodas do "talvez" não tenho realmente vontade de cuspir em cima de ninguém.

___________
NPAF

Etiquetas: