terça-feira, novembro 28, 2006

Landfill, "Panorâma de uma vida normal"

Finalmente, quase após dois meses da edição do álbum de estreia de Landfill, "Panorâma de uma vida normal", a crítica!
Bem, antes de mais, umas palavras em minha defesa: não é que não tenha tempo, porque ao início até tive; não é que tenha tido preguiça, porque até sou um sujeito bastante pró-activo. A merda é que este é um som difícil.
Sempre que o Daniel (aka Landfill) me dizia "então ó meu palhacinho, quando é que escreves alguma coisa?", eu respondia "palhacinho não, senhor palhacinho, que eu não andei a tirar filosofia para nada...", e após este aparte introdutório o discurso redundava num "epá, estou indeciso...".
E estava.
E continuo a estar.
Não é, definitivamente, um som fácil.
A cada vez que começava a ouvir o "cd" chegava a um ponto onde me perdia, distraia-me, e só me dava conta na última música, a mais "curtinha", mas, pormenor importante, aquela onde a voz e uma melodia nos arrancam à "normalidade".
Sobre este trabalho é difícil dizer qualquer coisa: é um som que cai no dia-a-dia, é algo que nos diz directamente algo, contudo, é, tal como o quotidiano, fácil de "esquecê-lo". E é um esquecer entre parênteses precisamente porque, como no correr normalizante dos dias, nos deixamos ir sem grande dificuldade, vencidos, entre o trânsito que não avança, o empregado arrogante da pastelaria, aquela mulher boa que se cruza sempre connosco quando passamos por ali àquela hora e que, não fosse pensarmos que somos tão feios e desinteressantes, juraríamos que nos fazia olhinhos, tirandos-nos milimetricamente as medidas em novos sítios a cada dia que passa, e depois é o trabalho, os bons dias coloquiais, os sorrisos de vitrine, as chatices para as quais nos estamos plenamente a cagar mas às quais temos que emular uma preocupação premente, o café das quatro, o tempo que não passa, o jantar, o que é que hei-de fazer para o jantar, as dez para as seis, o telefonema que jurámos ser hoje que íamos fazer aquela chamada àquela tipa que já se anda a fisgar há tempo demais, será que já namora?, será que ainda se lembra de mim?, e o retorno, o chegar estourado, o beijo à mulher, os gritos das crianças que nunca se calam, agora eu compreendo o que os meus pais passaram, o repouso no sofá, o amor feito à pressa, a luz a apagar, um pequeno pensamento disperso naquele espaço vazio que vai entre o adormecer e o dormir, e... o panorâma de uma vida normal.
Acho que este longo parágrafo resume bastante bem não só o álbum como aquilo que eu penso acerca dele.
Parabéns Jardel!, a sério!, invejo-te por muitas razões e esta é só mais uma! (é melhor mudar de registo que isto já me parece quase caso para chamar o Fernando...) :D

Só mais uma nota.
Diz o autor no seu nick do msn que a coisa já passou na antena 3, suponho que no Portugália do Henrique Amaro.
Ora, embora curioso pelo que o rapazito terá achado do "Panorâma...", fiz questão de escrever este tópico antes de o saber.
Não porque tenha medo de ser influenciado pelo que ele diz.
Não porque não esteja convicto do que digo.
Mas para que se saiba que o que digo não depende de aprovações mediáticas.
Landfill, "Panorâma de uma vida normal".

________________
NPAF

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

após todo este lambebotismo, de salientar que panorama não leva, de facto, acento circunflexo, vulgo ^.
eheheheh

1:56 da manhã  

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