sexta-feira, junho 30, 2006

Por aquela estrada abaixo, pt. 2/2


Por aquela estrada abaixo vai um padre acompanhado

Vai com duas prostitutas, cada uma do seu lado

As más línguas já não param, querem-no crucificado

Por aquela estrada abaixo lá vai Deus com o Diabo


Por aquela estrada abaixo vai a ninfa de Saturno

Um homem já não acorda de um longo sonho diurno

Quando o dia é sempre o mesmo não interessa o acordar

Por aquela estrada abaixo vai o sol até ao mar


Por aquela estrada abaixo vai um homem na manada

Fala só quando é preciso e quando fala não diz nada

Presente quando lhe interessa, ausente na hora amarga

Por aquela estrada abaixo vai mais um burro de carga


Por aquela estrada abaixo vai a guerra em movimento

A corneta já ressoa, acabou-se o sofrimento

Uns são mártires para a história, outros carne para canhão

Por aquela estrada abaixo vai a Terra em translação


Por aquela estrada abaixo vai o tiro de um canhão

O rei manda e o povo morre pelo bem de uma nação

Pouco interessa mais um ferido, um morto ou um refém

Por aquela estrada abaixo já não anda mais ninguém

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DACC

imagem: http://mocambique1.blogs.sapo.pt/arquivo/INHAMBANE%20-%20estrada%20de%20entrada%20na%20cidade_resize.jpg

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este poema é quase satânico...

2:17 da tarde  

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