segunda-feira, maio 22, 2006

Diário da Queima - Dia 1: Yellow W Van e Wraygunn




Começou ontem (para mim, entenda-se) a Queima 2006.

Facultado do belo passe de jornalista que a profissão facilita (ei, não pode ser só trabalhar sábados domingos e feriados a preço de saldo!), dei por mim a caminhar para o recinto quando já quase tudo apontava para mais uma noite de relax a levar a Juventus ao topo do futebol mundial.

Primeiras impressões: o recinto está mais pequeno, isto é, diminuíram o perímetro do recinto ao puxarem os bares mais para o centro. Em termos práticos, talves evite o sentimento de dispersão como aquele proporcionado pela noite de ontem, onde não deviam de estar mais de 800 pessoas, e isto já muito bem puxadito. Enfim, um domingo, a crise, a crescente falta de alunos, tudo contribuiu para isso. O que nos leva a concluir que cerca de 60% dos assistentes estavam lá mesmo pelas bandas.

Mas, inferências perfeitamente subjectivas à parte, sigamos para os concertos.

Yellow W Van foi um pouco banal. Hip-Hop tuga, muito à moda de Da Weasel (ouvi-los a dizer "a carrinha está a chegar" deu-me umas certas reminiscências dos outros que se dizem "a doninha").

As letras muito politizadas, muito "bem", muito "contra o sistema" e "levantem-se e revoltem-se", mas a farpela dos meninos dava a entender uma infância bem mais privilegiada do que aquilo. Mais um efeito da geração "Morangos com soda cáustica".

Sempre no mesmo registo hip-hop, não conseguiram surpreender em nada (aquela guitarra ritmo estava para cá do básico, até num encontro de lobitos, escuteiros à roda da fogueira teriam mais imaginação), nem no "beat-box" (hipoteticamente) improvisado (ai que saudades do Gabriel O Pensador e o seu "É-Évo-Évora!").

Terminaram tarde, demasiado tarde para um som que qualquer reprodutor de discos compactos ou órgão casio pode replicar na perfeição.

De 0 a 20 (porque afinal é uma Queima, e o sistema de avaliação assim o pede), levam um 11. E é porque estamos em ambiente de festa, que ninguém gosta de chumbar com 9.

Perante este parco cenário de ideias na primeira parte da noite, os Wraygunn surgiram como uma lufada de ar fresco. Em termos relativos, isto é. Estiveram à altura do nome que já criaram na cena musical portuguesa/europeia, ou seja, rock, muito rock, mesmo rock. Descomprometido e ao mesmo tempo vinculado à nova pop britânica. Com um traço original e repetitivo (não terão abusado do microfone distorcido?).

Paulo Furtado, vocalista e guitarrista com um ego maior que a sua altura, lá deu o "show da vedeta", despiu-se, foi ao público, perguntou o que é que precisavam para serem felizes... enfim, a droga consegue fazer milagres...

Não obstante, conseguiram pôr o público a mexer com alguns dos temas que (ao que me disseram) já rodam na MTV, mostraram personalidade e carisma (e não, não só o Paulo Furtado). Valeram como grupo e como individualidades dentro dele.

Em termos de avaliação, digamos... um 15. Beneficia esta nota do factor comparativo do "agrupamento" anterior, mas ei!, quem disse que a vida era justa?...

Nota positiva também para a Tenda Dance, com um DJ um pouco óbvio nalguns pontos, mas que cumpriu a missão que lhe estava destinada.

Nota negativa para o Staff. Desaparecidos e dispersos durante os concertos, devem, como porteiros de discoteca que são, ter sentido aquele apelo gutural de voltar ao ambiente materno, e invadiram massivamente o espaço da Tenda Dance com a sua presença ofensiva e pose agressiva, à procura de malfeitores que estivessem a fumar charros, vendo se pela intimidação lhes caía alguma coisinha em sorte, e perfeitamente coniventes com outras situações menos boas.

Enfim, ou a organização não lhes paga o suficiente para investirem eles na sua própria droga, ou
então os rapazes, como alguns seus (quadrúpedes) semelhantes, não se conseguem libertar do seu instinto...

Para hoje, temos Squeeze This Pleaze (será assim que se escreve?) e Xutos e Pontapés.
A ver o que sai dos primeiros, que para os outros, os velhinhos, já não há pachorra!

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NPAF

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Acorda para a vida...não tentes inserir-te na geração dos anos 90. Não são os anos que definem uma diferença de gerações mas sim uma mentalidade...neste país o hip-hop é moda mas tambem é musica e para a perceber é por vezes necessário que tenhas uma vida bem mais pobre de que um salário a preço de saldo...se um dia não os teus filhos nascerem e não ouver dinheiro para água,wc e instrumentos musicais vais ver que eles se voltarão para um tipo de musica proxima do hip-hop - de rua e a batida possivel de fazer com merda de cão. Poderão ser revoltosos e não passarem de uns vegetais passivos como toda a sociedade o é...
falas mal de uma musica que não conheces e não te pertence...calça os teus chinelos e veste um robe...e fica em casa a ouvir os teus xutos.

2:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

se os meus filhos nascerem e não tiverem dinheiro para água, wc e instrumentos musicais, certamente que não farão um som perto dos yellow w van, que beberam água, encontrei um dos vocalistas a sair do wc e certamente que tinham instrumentos musicais... a geração do hip-hop não é de rua, é tão falsa como qualquer outra, é pseudo-intervencionista, como o grunge o era, ou o rap metal...

6:29 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

o que queria dizer é que para classificares de hip-hop o q fazem os tipos da carrinha amarela ou os doninha fedorenta ou quaisquer outros do estilo...não deves saber o q é hip-hop.É toda um cultura de rua, seja mc's, grafiti,break dance,beat box,etc...mas como em tudo há merda e como em tudo o q é moda e dá dinheiro ainda ha mais merda...temos que aguentar essas classificações...com toda a musica ocorreu, ocorre e ocorrerá o mesma merda...

1:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

vou citar: não deves saber o q é hip-hop.É toda um cultura de rua...

portanto, os gajos do blues, do soul, do funk e do jazz, todos eles queriam chegar ao hip-hop???
portanto, aqueles gajos à volta do bidon com fogo a arder e a cantar blues para afogar as mágoas não tinham cultura de rua?

a cultura do hip-hop tem tanto valor como outra qualquer, mas não me venham dizer que é mais cultura de rua que qualquer outro estilo de música, por muito que tentem vender o peixe aos putos com esse discurso. e um gajo rico não pode fazer hip-hop? porque vai contra a "cena" de rua? se há coisa que a música não é, é limitativa...

5:01 da tarde  

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