segunda-feira, março 20, 2006

A notícia, a reflexão e a conclusão silogística

Este post surge na sequência de duas notícias que vi hoje, e que provocaram algumas reflexões concatenadas.

A notícia:
O número de toxicodependetes no Paquistão aumento cerca de 40% desde a "investida"norte-americana.
Com a invasão dos EUA, o mercado abriu (irónico, não é?), e as drogas baratas chegam com mais facilidade aos consumidores. A título de exemplo, uma dose de heroína custa um par de libras, o que, mesmo para o poder de compra do toxicómano paquistanês médio, é relativamente barato.
Entretanto uma associação de beneficiência começou a promover a assistência médica aos toxicómanos, bem como um programa de troca de seringas e campanhas de informação pelas escolas, não só acerca do perigo potencial derivado do uso de drogas, como acerca da transmissão do vírus da SIDA.
Acontece que no Paquistão, a troca de seringas é considerada ILEGAL, por supostamente promover o uso de drogas.

A primeira reflexão:
É um pouco o que sucede em Portugal quanto à instauração de "casas de chuto". Supostamente promovem o uso de drogas.

A segunda reflexão:
Seguindo a tradição anglo-saxónica que com tanta bravura foi inaugurada na colonização dos EUA, o homem branco continua a matar os autóctones com as suas investidas. E se não directamente, em chacinas mais ou menos discretas, pelo menos de maneira concumitante.
Bem como aconteceu com o advento do álcool para os índios nativos americanos: barato, acessível, e com grande poder de adicção para uma etnia que desconhecia as propriedades do álcool.
É a chacina de segunda linha.

A outra notícia:
A outra questão que me move está intimamente ligada com esta.
Acontece que ontem o sr. Hugo Chávez, presidente da Venezuela, calhou em apelidar o sr. Bush de burro, alcoólico, assassino e genocida. Assim, puro e duro, ao vivo e a cores.

A terceira reflexão acompanhada do momento de dúvida:
Quanto a esta atitude, tenho uma posição ambivalente, e ainda tenho que me decidir acerca da questão.
É que por um lado penso "ainda bem que finalmente alguém tem a coragem ou loucura suficiente para dizer o que muitos pensam"; por outro, penso "não é que eu não concorde, mas acho que não havia necessidade de uma besta provocar a outra, ainda mais no seu covil, convidando-a inclusivé a invadir o seu país".

A conclusão silogística:
Tendo em conta a notícia de abertura deste post, e o post anterior, já tomei a minha decisão.
Sr. Chávez, muito embora você não seja menos ditador e genocida que o outro, obrigado, sinceramente obrigado por ter finalmento ventilado o sentimento de mais de metade do mundo.
Que Deus Nosso Senhor o guarde no seu estalinismo marxista monolítico, e tantos anos no poder quanto a sua influência possa valer.
Se ainda houvesse cortina de ferro, neste momento estaria a ser construído em Moscovo um monumento em bronze à sua pessoa.
Mas enquanto não encomendam a obra ao Cutileiro, ficam aqui os meus mais sinceros agradecimentos.

NPAF