A era da informação
A era da informação consome-nos a cada dia que passa.
Lembro-me de ter quinze anos e suspirar durante dois anos para conseguir arranjar o álbum “Badmotorfinger” dos Soundgarden! Lembro-me de finalmente ter dinheiro para o cd, e no dia em que fui a Lisboa (coisa na altura muito rara), comprei-o, querendo ainda a ironia do destino que na altura não tivesse sequer aparelhagem que lesse o dito formato. Que fazer?
Felizmente tinha (e tenho) uma prima muito bacana que já tinha leitor de cd’s, e fez-me uma gravação para cassete! Que felicidade! Era a minha banda preferida, tinham-me feito esquecer os Nirvana num ápice, e acabei por partir a fita passados uns bons seis anos de rodagem desmesurada! Na altura até já tinha leitor de cd’s, mas uma vez em que o laser estava cansado, tive de ouvir a cassete, e a sua hora tinha chegado… Senti uma comoção enorme, porque adorava aquele álbum…
Hoje em dia, a oferta é tanta, que chego a um ponto em que já não dou quase valor algum a coisas que procurei durante anos e anos… Saca-se da net, grava-se para dvd em mp3, junto com mais uns sessenta álbuns, e para lá fica.
E isto tudo porquê? Estão para aparecer umas cenas do género pen drive com capacidade de 100 gigas ou lá o que é… A minha problemática é: será que me vou tornar mais um daqueles gajos que têm oitocentos mil cd’s em casa mas não conhecem o mind riot, a faixa número nove do “Badmotorfinger”? Vou-me tornar mais um daqueles que passou anos à procura do “Era Uma Vez Na América” do Sergio Leone para depois o armazenar num dvd com mais uns cinco filmes em divX, à espera de um dia em que apeteça vê-lo?
Senti-me contente hoje porque me arranjaram uma gravação do novo álbum de Tool, que ainda está para sair, e, tal como há uns anos atrás, parecia um puto de volta de um novo brinquedo… Abdiquei de tudo o que tinha a fazer, recusei-me a ir jogar um snooker, não fui às aulas, sei lá… Foi um daqueles momentos, não havia nada mais que pudesse fazer, estava apaixonado, e quando estou apaixonado não ligo a mais nada do que se passa no mundo. Não apaixonado pela música, mas sim pela felicidade que ela me trazia.
Não quero mais apregoar que “tenho” este álbum, aquele filme, a outra série, sem querer dizer com isso que tenho, já vi e tenho uma opinião formada, boa, má, assim-assim, seja lá o que for. Não me quero deixar sufocar pela informação, pelo “ter por ter”, quero que as coisas tenham significado, não quero que esta seja só mais uma noite, não quero o sentido da vida, quero mais destes pequenos momentos de prazer egoísta, que com prazer compartilho com alguém que se sinta da mesma forma que eu. É só.
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DACC
1 Comments:
Tb vou ter de o arranjar..
Com tanta publicidade.
Soundgarden? Mas há alguém k não conheça?
LOL
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