quarta-feira, dezembro 20, 2006

Ora...

...brincadeiras, disse ela com um tom desdenhoso, mas olhando de esguelha com aquele sorriso sacana ao canto da boca.
Se tu estivesses a falar a sério... e enrolou ainda mais o sorriso à medida que os seus cabelos desenhavam um leque escuro e brilhante no ar enquanto se voltava para a bancada da cozinha.
A minha lingua na sua boca foi tão só mera consequência.

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NPAF

É que...




...quem tem razão pode sempre falar.
A menos que a razão se evapore pelos buraquinhos da nossa pele e seja agua, suor, pele marcada pelo sol que queima.

Tery Bina!

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NPAF

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A Cultura da Decadência

...em que somos levados a encarar a decripitude (seja ela física ou moral) dos outros como cómica, como entretenimento para as nossas vidas aborrecidas e abominavelmente normais. chegamos até a utilizar a expressão "se achas que já viste coisas más, espera até veres isto" como forma de chamar a atenção de alguém. são os milhares de videos de gajos a cantar mal, de filmes underground em que alguém come merda, ou danças ridículas feitas por gente menos talentosa. ao fim e ao cabo, serão eles que estarão a gozar connosco, já que conseguem o que pretendiam: atenção/tempo de antena. a decadência mete piada, desde que não a nossa - ou até mesmo a nossa, se conseguirmos convencer os outros de que estamos a simular a decadência e não a praticá-la. mas haverá alguma diferença entre ser e imitar naquele pequeno momento? será que o gajo que canta mal de propósito não está a cantar tão mal como o faz aquele que não sabe mesmo cantar?
lá vem outra risadinha seguida de mais um "ihhh, que isto é mesmo mau! ahahahahahah! oh daniel, tens de ver isto". e eu vou, porque para além de decadente sou hipócrita. prazer em conhecer-vos.
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DACC

segunda-feira, dezembro 04, 2006

nada de interessante

passei o fim-de-semana em casa, e como tal, tive bastante tempo para algumas observações inúteis, que irão certamente considerar irrelevantes.
ora vejamos.

comecemos pelas sextas-feiras. sete da tarde chega o autocarro, tem de dar cinquenta curvas para conseguir parar no centro da vila, porque todo o santo carro está religiosamente estacionado à porta de casa.
no rádio toca a antena 3, mais uma música de hip hop português, em que o autor, muito revoltado, apregoa que todos são falsos, mentirosos, poetas do karaoke porque cantam em inglês e tal.
ouve-se um peido, não se sabe bem de onde, mas os sorrisos são gerais.

sábado, dia de caos e acalmia. padarias e mercearias cheias, só falta o velho com a carroça cheia de melâncias, mas não é tempo delas.

domingo, televisão.

segunda, almoço. nada de interessante, portanto.
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DACC